segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

A História da Viola Caipira - Parte 03 - Anatomia da Viola

ANATOMIA DA VIOLA

Olá amigos!
Continuando então nosso aprendizado quanto a origem da viola e sua história e anatomia surpreendente, vamos conhecer um pouco mais deste instrumento sem igual e maravilhoso!

BOCA

A abertura frontal que põe em comunicação a caixa de ressonância com o exterior é a "boca". A boca da viola pode ter diversas formas, sendo a mais comum em forma de coração para as feitas à mão de forma artesanal, e circulares, as feitas por máquinas.
Outros tipos de "boca" feitas à mão: dois corações, estrelas, coração e raramente o losangular.
Ao redor da "boca" podemos encontrar alguns desenhos ou algo encravado e malacacheta. Os desenhos são piro gravados, já no litoral encravam pedaços de conchas, e no serra-acima, malacacheta.
Os desenhos ou "enfeito" como dizem, são piro gravados mas também encontramos feitos a lápis, tinta de escrever, e em Piracicaba, uma riquíssima viola com uns desenhos a óleo e o apelido daquela cidade, "Noiva da Colina".
Há violeiros que mandam escrever seus nomes ou apenas iniciais. Outros, algumas frases, nome de mulher.  Flores estilizadas são "enfeito" mais encontrado.
Exemplo de Viola Artesanal
 Exemplo de Viola Artesanal

BRAÇO e PALHETA

A haste ou "braço" tem duas partes distintas: braço e palheta.
Muitos violeiros chamam aos dois tão somente de braço. Aliás, na viola há muitos nomes das partes do corpo humano usados para denominações e isso revela que o nossa caipira empresta ao instrumento predileto um pouco da anatomia humana: boca, "cacunda" ou costa, braço, pestana, cintura, ilharga, cabeça da tarraxa e o mais importante é que a viola tem alma. E o inverso também serve para comparação: moça bonita de corpo bem proporcionado é "corpo de viola", por exemplo.
Mas, voltemos ao braço da viola. Nele estão os trastos ou pontos, divisões de metal. Na parte superior do braço está a palheta e como já apontamos ela é enfeitada, lisa ou "trabalhada".
Na palheta estão os artifícios onde se ajustam as cravelhas para a afinação. Cravelha vem do latim, clave, que deu chave, "clavelha", chave pequena e ficou cravelha. Nela distinguimos três partes distintas: orelha ou chapinha, corpo e pique (furo onde a corda é enroscada ou enfiada).
 Quando nos referimos ao número de cordas, convém lembrar que há uma diferença entre as violas do litoral (tipo angrense) e nas quais os caiçaras usam apenas 7 cordas. Nestas violas (Cananéia, Iguape, etc.), é comum encontrar-se uma outra corda que não atinge o braço todo e a cravelha não se aloja na palheta; há, grudado por fora do gastalho um pequeno dispositivo onde está a pequena cravelha. A este conjunto chamam de "piriquito" ou benjamim (ver figura abaixo). Nas violas do litoral há portanto uma pequena corda (a oitava), chamada cantadeira, fica acima do contra-canotilho e afinada em uníssono com o contra-bordão ou melhor, contra- canotilho. No serra-acima paulista, principalmente nas zonas antigas onde não há influência nordestina ou outras, o que se dá realmente nas zonas pioneiras, os caipiras usam encordoar as suas violas com uma dezena de cordas. Dizem que a viola tem dez cordas, porque dez são dedos da mão. No entanto já vimos violas com 12 cordas e até 14 como aquela célebre feita por Zico Brandão de Tatui - "o rei da viola", cuja caixa de ressonância era feita de casca de um tatú-etê. Viola que merecia figurar num museu.

Por enquanto é isso! Assimile bem o que estudou até aqui pois seguiremos nossa história em um próximo post que sairá em breve, onde falaremos sobre tipos de afinação!
Obrigado Amigos!!!


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